Enfrentar as doenças oportunistas e os efeitos que os medicamentos
antirretrovirais podem trazer em um longo prazo é um dos maiores
desafios para grande parte das pessoas que vivem com HIV e aids hoje no
Brasil.
Riscos cardiovasculares, diabetes, tuberculose, dislipidemias,
doenças renais ou hepáticas, osteoporose, lipodistrofia, alterações
neurocognitivas e neoplasias fazem parte do conjunto de doenças que
estão relacionadas à epidemia.
“Além do HIV, eu já tive infecção por molusco, por causa da baixa
imunidade, cândida, lipodistrofia, osteoporose, osteonecrose, vários
tipos de linfomas, disfunção erétil, catarata e agora estou com
pneumonia novamente”, detalha Beto Volpe, representante do núcleo do
estado de São Paulo na Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids.
Beto vive em São Vicente, litoral Sul de São Paulo, e se descobriu
infectado com o vírus em novembro de 89. Segundo ele, muita gente está
morrendo dessas outras enfermidades e não sendo contabilizado como HIV,
porque são atendidas por outros especialistas. “Mas a razão da morte é o
HIV. Por isso talvez o número de óbitos pela aids está caindo e o
Brasil não deixa o índice de 650 mil pessoas vivendo com a doença no
País”, opina.
Para se proteger das outras doenças relacionadas ao HIV não existem
muitos segredos, mas o popularmente conhecido precisa ser colocado em
prática, afirma o médico infectologista do Hospital Emilio Ribas de São
Paulo Ralcyon Teixeira. “Nós sempre orientamos que as pessoas com HIV,
principalmente, tenham um estilo de vida o mais saudável possível. Ou
seja, se alimentar adequadamente, não fumar, tomar cuidado com bebidas
alcoólicas e fazer atividade física pelo menos três vezes por semana”,
ressalta.
Beto, que é fumante, reconhece que algumas das doenças que teve foram
por causa do seu estilo de vida, mas ressalta que outras foram
decorrentes da reação do próprio HIV no organismo.
Osteoporose
Apesar da osteoporose ser considerada uma doença da vida moderna, com
mais sedentarismo e menos exposição solar, no caso dos portadores do
HIV, a inflamação causada pelo próprio vírus e o esquema de medicamentos
podem gerar esta perda de massa óssea, explica Evandro Klumb,
reumatologista da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Um levantamento do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, realizado em 2010, mostrou que 17% dos
soropositivos em tratamento contra o HIV desenvolveram algum tipo de
complicação óssea.
Como o paciente em tratamento antirretroviral não deve alterar seu
esquema terapêutico com frequência, existem alternativas para que o
quadro possa ser revertido. “Pode se adicionar cálcio e vitamina D, para
quando há necessidade, além da atividade física, de estimular a
exposição solar e da interrupção do tabagismo e do álcool”, orienta
Klumb.
Segundo o médico, o maior problema da osteoporose é o risco de
fraturas por causa da fragilidade do osso. “A atividade física protege e
reduz a perda de massa óssea, o que gera a diminuição da fragilidade”,
defende. Ele ainda destaca que tomar mais de 250ml de café por dia
também pode contribuir para a perda de massa óssea.
O infectologista Teixeira explica que quando as pessoas infectadas
pelo HIV também contraem algum tipo de câncer ”é recomendado a
utilização do antirretroviral, mesmo que antecipadamente, para melhorar a
resistência do paciente e para que o tratamento seja realizado com
maior tranquilidade”.
Ele ainda afirma que em alguns casos já é possível trocar os remédios
por outros menos tóxicos que estão disponíveis atualmente. “Quando o
paciente passará por quimioterapia, por exemplo, evitamos passar o AZT
como antirretroviral e preferimos uma outra combinação de remédios”,
esclarece.
Cuidados com o coração
Neste ano, a Organização Mundial da Saúde escolheu como tema a
hipertensão para lembrar o Dia Mundial da Saúde, comemorado em 7 de
abril. Para a população com HIV, os problemas cardiovasculares podem
representar um risco ainda maior, segundo estudos.
De acordo com um relatório publicado no jornal médico norte-americano,
Journal of the American Medical Association Internal Medicine,
soropositivos têm 50% mais chances de ter um ataque cardíaco do que os
não portadores do vírus que são saudáveis.
Dr. Luiz Bortolotto, chefe do departamento de hipertensão do
Instituto do Coração do Hospital das Clinicas de São Paulo, concorda com
esses resultados, mas destaca que outros fatores influenciam na pressão
arterial, como o excesso de peso e de consumo de sal, que segundo ele,
deve ser ingerido na quantidade de cinco gramas por dia, ou três
colheres de café rasas.
Ele sugere também uma monitoria regular da pressão arterial e afirma
que se existir a necessidade de alguma medicação para controlar a
pressão entre as pessoas com HIV, o médico e o paciente devem encontrar
uma combinação que não reaja com os antirretrovirais. “Bloqueadores dos
canais de cálcio, androdipina e betabloqueadores, por exemplo, são
alguns dos remédios que podem sofrer interferência por causa do coquetel
antiaids que os pacientes infectados tomam regularmente”, finaliza.
Fonte: Jéssie Panegassi, Agência de Notícias da Aids, em 04/04/2013
Planta brasileira tem potencial de atingir HIV que se esconde no organismo
Uma das maiores dificuldades para se chegar a cura da Aids é conseguir matar todas as cópias do HIV no organismo da pessoa infectada. Os potentes medicamentos que compõem o coquetel antirretroviral conseguem atingir a maior parte dos vírus, mas sempre sobram alguns, que se escondem nos reservatórios de latência, conhecidos também como santuários virais, e numa eventual interrupção do tratamento, eles voltam a se replicar.
Um estudo que está sendo realizado pelo laboratório brasileiro Kyolab a partir de uma planta da família das Euphorbiaceae, comum no Nordeste do País, mostrou potencial de “acordar” o HIV neste local de latência, o que daria chance para os medicamentos chegarem até eles e matá-los.
“Se um dia os medicamentos conseguirem destruir todas as cópias de HIV no corpo, até mesmo aquelas que ficam muito bem escondidas, pode ser a descoberta da cura da aids”, explica o biólogo Diego Pandeló José, um dos pesquisadores deste estudo. “O problema é que o HIV se esconde em alguns lugares, como no sistema nervoso central, que talvez por uma própria forma de defesa do organismo, as drogas não conseguem chegar até lá”, acrescentou.
O estudo, ainda em análise em vitro, indicou uma ativação do HIV no seu estado de latência superior a 20%.
Diego, que apresentou um pôster sobre esta pesquisa durante a Conferência Internacional de Aids, em Washington, afirma que estes 20% de ativação representam muito, pois a substância analisada não mostrou nenhum tipo de toxidade.
Nas próximas semanas, os testes passarão a ser realizados em células isoladas dos pacientes e num prazo de, aproximadamente um ano, em macacos.
Aos 29 anos, Diego disse à Agência de Notícias da Aids que acredita “piamente” na cura desta doença e na possibilidade de presenciar este grande momento da história da medicina. “Digo isso com um misto de base na ciência e na fé”, finalizou.
Este estudo está sendo coordenado pelo pesquisador Renato Santana de Aguiar com apoio do professor Amilcar Tanuri, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O laboratório Kyolab, que realizada a pesquisa, é presidido pelo farmacêutico Luiz Francisco Pianowski Filho.
Um estudo que está sendo realizado pelo laboratório brasileiro Kyolab a partir de uma planta da família das Euphorbiaceae, comum no Nordeste do País, mostrou potencial de “acordar” o HIV neste local de latência, o que daria chance para os medicamentos chegarem até eles e matá-los.
“Se um dia os medicamentos conseguirem destruir todas as cópias de HIV no corpo, até mesmo aquelas que ficam muito bem escondidas, pode ser a descoberta da cura da aids”, explica o biólogo Diego Pandeló José, um dos pesquisadores deste estudo. “O problema é que o HIV se esconde em alguns lugares, como no sistema nervoso central, que talvez por uma própria forma de defesa do organismo, as drogas não conseguem chegar até lá”, acrescentou.
O estudo, ainda em análise em vitro, indicou uma ativação do HIV no seu estado de latência superior a 20%.
Diego, que apresentou um pôster sobre esta pesquisa durante a Conferência Internacional de Aids, em Washington, afirma que estes 20% de ativação representam muito, pois a substância analisada não mostrou nenhum tipo de toxidade.
Nas próximas semanas, os testes passarão a ser realizados em células isoladas dos pacientes e num prazo de, aproximadamente um ano, em macacos.
Aos 29 anos, Diego disse à Agência de Notícias da Aids que acredita “piamente” na cura desta doença e na possibilidade de presenciar este grande momento da história da medicina. “Digo isso com um misto de base na ciência e na fé”, finalizou.
Este estudo está sendo coordenado pelo pesquisador Renato Santana de Aguiar com apoio do professor Amilcar Tanuri, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O laboratório Kyolab, que realizada a pesquisa, é presidido pelo farmacêutico Luiz Francisco Pianowski Filho.
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