Armário

O armário foi um bom lugar pra mim dos 12 aos 18 anos. Momentos em que passei me negando e fugindo de mim mesmo. Uma máscara diferente por situação, nunca eu mesmo. Não! A sociedade não permitiria, meu Deus não me amaria mais. O bom é que tudo evolui, e eu como um bom garoto que sempre fui amadureci também. Continuo na verdade.

Enquanto somente o desejo estivesse presente, não teria problema. Naqueles momentos de fraqueza, fugir um pouquinho do armário e me pegar com o primeiro disponível seria fácil. O difícil seria sustentar um namoro "hetero" e sabe-se la um possível casamento. O pensamento da solidão eterna também era uma opção.
Porém, de repente me peguei apegado, me peguei envolvido, apaixonado, quiçá amando. Foi aí que percebi que nada de errado havia comigo. Percebi que assim como posso amar um outro homem Deus poderia continuar me amando. Percebi que eu poderia ser eu mesmo e me tornar mais leve com algumas máscaras a menos. Então me libertei e deixei “Nárnia” pra trás.

Hoje aos 28 o que ainda não controlo são as opiniões dos que me descobrem e que tentam me aceitar. Deixo isso pra eles, porque dessa fase eu já passei.
A família num constante comportamento bipolar, hoje querem me ver feliz e amanhã querem me afastar do indivíduo “que me fez assim”. Mal sabem eles que o culpado disso tudo é Deus, que me fez assim como sou. E como tudo é uma questão de tempo eu continuo aqui amando e percebendo que aqueles que me amam o continuam fazendo... Isso é o que mais me alegra.